Em Aveiro, na freguesia de Esgueira, deslocado da sua localização original, encontramos um painel de azulejos concebido como um mapa turístico da cidade. Encomendado em 1951 pela Comissão Municipal de Turismo, este painel é um roteiro visual que abrange património cultural, histórico e natural da região.
O painel apresenta vários pontos de interesse turísticos através de ilustrações pormenorizadas: o miradouro da Ria junto ao Forte da Barra, a Igreja da Misericórdia, o Pelourinho de Esgueira, o edifício dos Paços do Concelho, o Convento das Carmelitas, o Parque Infante D. Pedro, a Sé Catedral de Aveiro, as praias (onde consta o Farol da Barra), as Marinhas de Sal (que incluem a imagem de uma Salineira), o Pórtico das Barrocas, o Canal das Pirâmides (com um tradicional moliceiro) e, por último, o Museu de Aveiro (antigo Colégio de Santa Joana). Estas gravuras, com estética tradicional em tons castanhos, são conjugadas numa composição moderna que incorpora uma carta estilizada da cidade e formas geométricas em cores vibrantes, numa inspiração ao estilo Arte Déco.
Destacado no topo do painel, uma faixa de azulejos exibe a inscrição "Informações - Renseignements / Comissão Municipal de Turismo". A presença do francês, língua à data frequentemente usada por turistas europeus, sugere uma tentativa de atraí-los. O turismo, durante o regime do Estado Novo, não estava isento de influências políticas. Foi neste período que foi definido o conceito de Zonas de Turismo, administradas por Comissões Municipais de Turismo e Juntas de Turismo. O turismo passou a ser visto como um meio de propaganda às obras do regime e como forma de projetar, tanto internamente como para o exterior, uma imagem positiva e particular de Portugal, alinhada com os valores e ideologias do regime. A valorização da tradição, história e património cultural desempenhou um papel no fortalecimento da identidade nacional, e os pontos mencionados são um reflexo desse propósito. Contudo, além de sua função propagandística, o painel é um valioso documento histórico e obra de arte que encapsula a essência e o encanto de Aveiro, tal como era no início da década de 1950.
O painel tem a assinatura das Fábricas Aleluia de Aveiro. O legado destas fábricas é visível na paisagem urbana de Aveiro, através do revestimento de fachadas, painéis figurativos, identificativos e placas toponímicas.