Na Rua de Santos Pousada, no Porto, encontramos um painel azulejar identificativo-publicitário na fachada da Irmandade de S. Crispim e S. Crispiano, previamente conhecida por Confraria dos Sapateiros e Surradores Portuenses. O edifício foi construído após esta confraria ser expropriada do seu antigo hospital e capela na Rua Mouzinho da Silveira, em 1875.
Pensa-se que esta instituição tenha sido fundada em 1224, de forma a unir os sapateiros e surradores da cidade em várias circunstâncias da sua vida pessoal e profissional, na qual estava presente também uma forte componente religiosa, como era habitual à época. A confraria desempenhava ainda um papel importante na assistência aos peregrinos que se deslocavam para Santiago de Compostela.
Irmãos gémeos com o ofício de sapateiro, os santos mártires Crispim e Crispiniano são venerados pela cristandade como advogados dos sapateiros. Aquando da perseguição aos cristãos, ordenada pelo Imperador Diocleciano, foram decapitados em Soissons (França). Reza a história que durante a fuga receberam abrigo por uma viúva pobre que vivia com o seu filho. Como forma de agradecimento, deixaram à lareira um par de sapatos para o rapazinho, que por milagre, ao amanhecer, se tinha enchido de moedas. A este conto se deve o costume natalício de "pôr o sapatinho na chaminé".