No atual edifício da Fábrica Centro Ciência Viva, nos Santos Mártires em Aveiro, encontramos um emblema oval em azulejos com a inscrição “Companhia Aveirense de Moagens”, assinado pelas Fábricas Aleluia. No centro da composição está uma engrenagem, um símbolo comum nas antigas empresas fabris. O desenho inclui ainda cilindros de moagem a triturar uma gavela de trigo atada com um torçal vermelho, uma representação que desvenda a função original daquela fábrica.

A história desta empresa remonta ao ano de 1896, quando Manuel Homem de Carvalho Cristo, mestre-de-obras e proprietário da padaria da Rua dos Tavares, estabeleceu uma moagem a vapor numa propriedade situada na Rua da Alfândega. Os primórdios desta empreitada foram repletos de desafios, levando Cristo a recorrer a amigos comerciantes e familiares para manter a empresa em funcionamento. Em 1903 viria a ser formada a sociedade de nome Cristo, Rocha, Miranda & Companhia e, pouco depois, tomou-se a decisão de construir as instalações em Santos Mártires.

Os jornais da época elogiaram os avanços dos trabalhos, considerando-o “um dos estabelecimentos mais aperfeiçoados no seu género que ultimamente se têm posto a funcionar”. A fábrica dedicou-se à moagem de milho e trigo, além do fabrico de massas alimentícias, descasque de arroz e serração de madeira. O ano de 1920 marcou o início de um novo capítulo na história desta instituição, quando o Banco Regional de Aveiro adquiriu a moagem e constitui a sociedade anónima “Companhia Aveirense de Moagens”. O novo empreendimento prosperou, tornando-se uma das moagens mais importantes do país. Em 1991, a Companhia Aveirense de Moagens fundiu-se com a Sociedade Fomento Industrial, dando origem à Germen – Moagem de Cereais S.A..

Hoje, o edifício serve como sede da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, perpetuando o espírito inovador que sempre caracterizou a sua história. Aberto ao público desde 2004, resulta de uma parceria entre a Universidade de Aveiro e a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica. O legado da Companhia Aveirense de Moagens é recordado através deste painel de azulejos, um testemunho tangível de uma época passada e um marco significativo na história industrial de Aveiro.