Na margem direita do rio Tejo, em Belver, concelho de Gavião, encontramos um edifício cuja função é identificada pelo painel azulejar enquadrado na fachada, onde se pode ler "Moagem de Azeitona", em letras capitais pintadas a azul. A composição policromática de motivos vegetais, onde se incluem ramos de oliveira, emoldura ainda a imagem de Santo Isidro, padroeiro dos agricultores. A produção olivícola é uma das mais destacadas nesta povoação do Alto Alentejo.
Este conjunto possui a assinatura "Faiança Battistini" de Maria de Portugal. Pseudónimo de Albertina dos Santos Leitão, Maria de Portugal (1884-1971) foi escritora, pintora e uma importante ceramista, discípula de Leopoldo Battistini. Como é descrito no sítio "Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém", Leopoldo Battistini (1865-1936) chegou a Portugal em 1889 para lecionar na Escola Avelar Brotero, em Coimbra. Mudando-se para Lisboa em 1903, assumiu a reabilitação da fábrica Constância, em 1921, com Viriato Silva.
Após o seu falecimento, Maria de Portugal homenageou Battistini alterando a designação da fábrica de forma a contemplar o seu nome, sendo mais tarde designada Fábrica de Cerâmica Constância / Faiança Battistini de Maria de Portugal. Maria de Portugal assumiu não só as funções de proprietária e diretora artística da fábrica, como foi também responsável pela gestão industrial e comercial. Maria contribuiu para a cerâmica portuguesa até à década de 70, através de painéis de azulejo e peças de faiança que se espalharam por todo o mundo.