Na Rua do Bonfim, no Porto, somos recebidos por um painel de azulejos com a inscrição "Fábrica do Bomfim / Manoel Pinto D'Azevedo", em letras brancas sobre um fundo vermelho. Este representa a presença marcante da fábrica de tecidos de algodão a vapor que pertenceu ao industrial Manuel Pinto de Azevedo, um nome incontornável no desenvolvimento da indústria na cidade.
As três chaminés industriais presentes no brasão da freguesia do Bonfim fazem referência ao pulsar industrial que caracterizou este espaço urbano no séc. XIX e na primeira metade do séc. XX. Manuel Pinto de Azevedo, aqui nascido em 1874, foi uma figura central neste ecossistema industrial. Após frequentar a Escola Técnica de Faria Guimarães, iniciou a sua atividade profissional em 1894, na Fábrica do Bonfim, empresa ali estabelecida desde 1882. De operário, rapidamente ascendeu a proprietário da fábrica, em 1901. Sob a sua gestão, a fábrica expandiu-se. O crescimento foi tal que apossou uma área considerável do quarteirão circundante, projetos que envolveram os arquitetos Manuel da Silva Passos Júnior e Leandro de Morais e os engenheiros Mário Borges e Jorge Vieira Bastian.
Manuel Pinto de Azevedo também teve um papel relevante na vida pública do Porto. Após a queda da monarquia, integrou a primeira vereação da Câmara Municipal da cidade. Pelas suas contribuições como empreendedor e humanista, foi condecorado com os graus de Grande Oficial da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem da Instrução Pública.
Faleceu na terra que o viu nascer, em 1959. Através do seu trabalho, deixou uma marca indelével na história da indústria portuguesa. O painel de azulejos do nº 326 da Rua do Bonfim é uma memória deste legado.